O prefeito de Campinas, Demétrio Vilagra (PT), volta a correr o risco de ser afastado do cargo e de responder a processo de cassação
        
        Acusado pelo Grupo de 
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de formação de 
quadrilha, desvio de recursos públicos e fraudes em licitações, o prefeito de Campinas,
 Demétrio Vilagra (PT), volta a correr o risco de ser afastado do cargo e
 de responder a processo de cassação. Parecer do Ministério Público (MP)
 a recurso da Câmara contra a decisão liminar que mantém Demétrio no 
cargo afirma que o Legislativo deve ter o direito de instalar o processo
 de cassação e de afastar o prefeito durante as investigações — conforme
 aprovado em votação. 
O juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública, Mauro Fukomoto, que concedeu a 
liminar anulando a investigação e o afastamento, tem dez dias para 
julgar o mandado de segurança. Caso o juiz acate o parecer, o presidente
 da Câmara, Pedro Serafim (PDT), será o prefeito enquanto a Comissão 
Processante (CP) estiver instalada. 
Segundo o promotor Paulo César Martinez de Castro, da 13ª Promotoria de 
Justiça, acolher o mandado de segurança “constitui um salvo conduto 
indevido ao impetrante (Demétrio) para não ser investigado, situação que
 não pode receber aval do Judiciário, sob pena de tolher o poder-dever 
do Legislativo no regular exercício de apuração da responsabilidade 
político-administrativa do impetrante no exercício do cargo de 
prefeito”. 
O procurador da Câmara, Manoel Carlos Cardoso, disse que, embora não 
seja regra o juiz acatar o parecer do MP, a opinião do promotor nessa 
hipótese é bastante significativa, porque ele age não como um defensor 
de uma das partes, mas como um fiscal da lei. O procurador considera 
também que o juiz ficou em uma situação delicada, porque terá, caso 
defira pela instalação da Comissão Processante, que também afastar o 
prefeito. Demétrio ainda poderá recorrer. 
O vereador Valdir Terrazan (PSDB), autor do requerimento de abertura da 
CP, afirmou esperar que o juiz acate o parecer e restabeleça a ordem das
 coisas. “Uma das principais funções da Câmara é investigar, e não cabe 
ao Judiciário cercear esse trabalho.” 
No parecer, de 18 páginas, Castro diz ainda que não há ilegalidade nos 
atos praticados pela Câmara quando aprovou a CP e determinou o 
afastamento de Demétrio. 
 
      
        Fonte: RAC